Quando você tira uma foto com seu smartphone, a facilidade e qualidade que temos hoje podem ser atribuídas a grandes inovações do passado. Uma dessas inovações foi conduzida pela Kodak, uma empresa que não apenas moldou a história da fotografia, mas tornou-a acessível e popular para milhões de pessoas. Porém, nem sempre grandes pioneiros conseguem manter sua relevância. Hoje, vamos explorar a trajetória da Kodak – desde suas conquistas até os erros que levaram à sua queda.
A história da Kodak é fascinante, cheia de inovações, mas também marcada por decisões que mudaram o destino da empresa. Vamos descobrir como essa gigante nasceu, cresceu e chegou ao cenário atual.
O início com George Eastman
Em 1878, George Eastman, um atendente de banco com espírito visionário, começou a trabalhar em um método inovador para fotografia. Ele desenvolveu placas metálicas secas com emulsões de sais de prata sensíveis à luz, que geravam imagens de maneira mais prática. Esse processo revolucionou a fotografia da época, que até então era complicada e cara.
Dois anos depois, em 1880, ele fundou a Eastman Dry Plate Company em Rochester, Nova York, em parceria com Henry Strong. Esse foi o primeiro passo para criar o que viria a ser uma das marcas mais marcantes do setor fotográfico.
A invenção do filme fotográfico
Na fotografia do final do século XIX, as câmeras eram complexas e exigiam habilidade especializada. Além disso, os filmes eram chapas rígidas, nada prático para o usuário comum. A grande virada aconteceu quando George Eastman adquiriu a patente do filme fotográfico.
Com isso, surgiu uma inovação que mudaria tudo: filmes flexíveis e fáceis de manusear que abriram caminho para câmeras mais acessíveis.
O surgimento do nome Kodak
Em 1888, nasceu a marca Kodak. Eastman queria um nome que fosse curto, impactante e universal, independente do idioma. A letra “K” chamou sua atenção por ser forte, e ele se dedicou a criar algo único. Assim surgiu a Kodak, que inicialmente era apenas o nome de uma câmera lançada pela empresa.
Essa câmera teve um forte impacto. Ela vinha com um filme de 100 poses e, após o uso, o cliente enviava a câmera inteira para a empresa, que devolvia as fotos impressas e recarregava o filme. O slogan era direto e claro: “Você aperta o botão, nós fazemos o resto.”
Tornando a fotografia acessível
Eastman não queria apenas criar uma empresa; ele queria democratizar a fotografia. Em 1895, foi lançada a Kodak Pocket, a primeira câmera compacta. E, em 1900, veio a revolução definitiva: a câmera Brownie. Custando apenas 1 dólar, a Brownie tornou a fotografia algo acessível para qualquer pessoa e marcou o início da era da fotografia robusta e popular.
Inovações para o cinema e a fotografia colorida
A Kodak não parou em câmeras fotográficas. A empresa desempenhou papel essencial também no desenvolvimento do cinema. Foi fornecedora de filmes para as câmeras de filmagem de Thomas Edison e, anos depois, marcou presença pela introdução de filmes coloridos de alta qualidade.
Em 1935, lançou o famoso Kodachrome, um filme colorido que dominou tanto a fotografia quanto o cinema por décadas. Ele foi um marco em qualidade e durou até 2009, quando foi descontinuado.
Transformação digital: Do pioneirismo aos erros
Poucos sabem, mas a Kodak foi pioneira na fotografia digital. Em 1975, Steven Sasson, um engenheiro da empresa, desenvolveu a primeira câmera digital do mundo. Contudo, a inovação nunca passou de um protótipo, pois a diretoria temia que esse novo formato canibalizasse o lucrativo mercado de filmes fotográficos.
Essa decisão revelou-se um enorme erro estratégico. Embora tenha lançado produtos digitais posteriormente, como a série de câmeras DCS e a parceria com a Apple no QuickTake, a Kodak perdeu força para concorrentes mais agressivos, como Sony, Canon e Fujifilm.
O declínio no mercado
Nos anos 2000, as vendas de câmeras digitais superaram as tradicionais. A Kodak tentou se reposicionar lançando serviços como o Kodak Gallery, para compartilhamento de fotos, mas foi ofuscada por plataformas mais simplificadas, como Flickr e Picasa.
Ao mesmo tempo, a Fujifilm soube explorar brechas no mercado ao lançar produtos mais baratos e conquistar direitos comerciais importantes, como o fornecimento de filmes para as Olimpíadas de 1984. A vantagem da Kodak de décadas, onde ela dominava 85% do mercado de câmeras e filmes nos EUA, começou a desaparecer.
A falência e o renascimento
O golpe final veio em 2012, quando a Kodak entrou com pedido de falência nos Estados Unidos. A empresa vendeu muitas de suas patentes para gigantes como Apple e Google, tentando sobreviver.
No entanto, o legado da Kodak não acabou. Em seu renascimento, a marca passou a focar na tecnologia corporativa, com ênfase em impressão para negócios, embalagens e acordos com estúdios de cinema para produzir filmes analógicos. Ainda tentou diversificar com produtos como o smartphone Kodak Ektra e câmeras de ação, mas sem muito sucesso comercial.
A lição de uma gigante
A história da Kodak é um exemplo clássico de como a inovação sozinha não garante o sucesso. A incapacidade de se adaptar às mudanças no mercado digital e a aposta exagerada em um modelo de negócio consolidado foram fatores determinantes para sua queda.
Apesar disso, não se pode ignorar o impacto gigantesco que a Kodak teve no mundo. Ela transformou a maneira como as pessoas capturam e compartilham memórias, ajudou a fundar a base para a fotografia moderna e deixou um legado inspirador, mesmo após seu declínio.
